Big Town Blues...
Pra quem não sabe, o Clube já passou uma boa temporada no subúrbio de Salvador (por volta de 00/01), mais precisamente em Paripe (foi uma boa experiência). Paulo tinha acabado de ser tranferido pra ensinar história por lá, pelo estado... fui solidário e acabei passando um tempo por lá tb. Lembro-me muito bem das garrafas de whisky que nos fizeram companhia em meio a todo aquele isolamento (rs). Os ensaios passaram a ser por lá mesmo... imaginem! Recém chegados no lugar e colocando uma banda para ensaiar?... foi muito queixo!!! Mas a vizinhança era gente fina, até açúcar pedimos emprestado um dia. Em uma daquelas noites, como manda o figurino para uma boa composição - solidão, saudade, um violão e um bom scotch - saiu a tão falada Big Town Blues. Quando ele me mostrou a letra, fique doido pra poder interpretar, imaginando ainda como seriam os acordes aplicados ali - mais tarde Cezinha Mad Dog Slim viria nos ajudar nos arranjos. E diga-se de passagem, Cezinha fez um dos melhores solos de guitarra que já ouvi - foi de primeira - ouve lá no disco pra tu ver... depois me diz se eu tô inventando.
De lá de Paripe (subúrbio ferroviário) viamos a capital Salvador e sua imponência com suas luzes e seus grandiosos arranhacéus... gloriosos punhais impiedosamente cravados em teu peito!!!
Muitos não percebem a beleza que existe no subúrbio, a vida que se desenrola por lá... como tudo cresce e ferve. Só não na mesma velocidade que a beleza propagada do grande centro. Desigual né?!!! Nossa demo começou a ser executada nas rádios comunitária da área e os alunos de Paulo ficavam espantados em ter um professor rockeiro... rs, uma viagem isso tudo, rs. Um dia precisávamos ensaiar com um novo músico (grande Ricardo, parceirão) e nossa bateria estava em Cruz das Almas, na casa de meus pais. A vontade era tão grande de fazer o som, que eu e Ricardo - ele no volante - decidimos buscá-la e fizemos três horas de Paripe para Cruz das Almas, ida e volta!!! foi muita loucura nossa. Minha mãe achava que eu estava em Feira. "- Tu vai pra onde menino, com essa bateria, uma hora dessas? (eram umas 20h). " Vou levar pra Feira mainha, é pertinho, não se preocupe". Uma hora e quinze depois estavamos em Paripe... o ensaio foi rolar só pela manhã no dia seguinte. Ricardo tava com pé de chumbo. Foi "uma" das loucuras que fizemos pelo Clube, que ficou marcado juntamente com Big Town Blues. Essa canção é especial pra gente, porque nos reporta a um momento em que o Clube passou por uma de suas primeiras tormentas e que conseguimos superar com união. Pois então...
Que a beleza vista através dos olhos de vidro das grandes cidades, nunca ofusque a beleza que é inerente a cada um de nós... seja em Paripe ou em São Tomé de lá, na Queimadinha ou na Tabela de Cruz, nos Phoc's ou na Gleba E, na Vitória ou na derrota... seja aqui ou acolá!!! Que simplesmente seja com dignidade.
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